Morte e vida Harry Potter

Não sei nem como começar esse post. Algum vazio esta, ironica e paradoxalmente, me preenchendo. Sete anos ocilando entre estréias e angustias quando as mesmas estavam próximas.

Deixe-me explicar por que você deve estar bem confuso, não? Pois bem, terminei de ler, hoje, o sétimo livro da serie Harry Potter curjo o nome é “Harry Potter e as relíquias da morte”. Ao ler as últimas dez páginas eu percebi que não queria terminar de lê-lo. Queria ter a sensação de que tinha um livro inteiro do bruxinho para ler no ano que vem. Que me deliciaria com mais muitos filmes da serie, mas essa sensação foi logo cortada quando cheguei nas últimas páginas. Percebi que era, de fato, o fim da sua era. E que era!

Lembro-me bem do primeiro livro que li. O filme estava próximo de estrear e, sem saber o que seria o tal Harry Potter do qual todos falavam, pedi pra minha mãe me levar ao cinema. Eis que surge um dilema. Ela disse que só me deixaria ver o filme caso eu lesse o livro. Fui, então, ler o livro com um certo sentimento de raiva ou, talvez, despreso pela atitude dela. Mal sabia que eu estava prestes de entrar para um mundo como, já mencionei acima, não iria querer sair.

A biblioteca do colégio tinha quatro exemplares do livro de uma autora, até então, desconhecida pelo público de uma forma geral. Aluguei um dos exemplares que estavam a minha disposição e, ao chegar em casa, tentei começar a superar aquele desafio. Até o momento eu nunca tinha lido um livro maior do que 200 páginas. E lá estava. Harry Potter e a pedra filosofal com suas 264 páginas. Que desafio! E para minha surpresa encontrei um local onde eu podia me excluir do mundo e ler. Li, no primeiro dia, 168 páginas e percebi que um mundo novo se abrira pra mim. Terminei de ler o livro e fui ao cinema. Foi lá que percebi que tinha que descobrir se havia outros livros do tal Harry Potter. E não é que tinha!

Para meu alívio eu tinha mais três livros à minha frente para ler. Mais de mil páginas de mistérios, risadas, descobertas que esperavam que minha mente se abrisse para que pudesse, então, adentrar e tomar conta de mim.

Li os quatro livros da serie em poucos meses, dois, se não me engano, e então descobri que a coleção teria sete partes. Faltavam mais três para que eu pudesse saber se Lord Voldemort se daria bem, ou se nosso hério iria destrui-lo como todos esperavam.

Os anos que se seguiram foram mágicos, de fato, e sem clichê. Um livro a cada ano que era, geralmente, seguido de um filme. Ótima combinação.

Muitos falam que os filmes não se comparam aos livros. Concordando meio discordado desta opinião, eu acredito que são coisas diferentes e que ambos são muito bons! Senão eu não compraria todos os filmes e não teria todos os livros, certo?

Li o sexto livro da serie e então fiquei aguardando que todos os mistérios que cercavam aquele mundo se revelassem no último livro.

Harry Potter e as relíquias da morte. Este é o nome que fecha este legado de sete anos. Comprei o livro e, ao abrir a primeira página, me bateu um desespero do qual eu nunca experienciara há tempos, ou então na minha vida toda. A medida que ia lendo as 590 páginas e ia descobrindo tudo que a autora, inteligentemente, escondeu de todos nós há sete anos.

Varinhas, capas, pedras, lutas. Um livro recheado de atrações para qualquer um, inclusíve aqueles que dizem que Harry Potter não é literatura. Ele pode até não ser considerado um livro literário, mas foi com ele que a leitura se despertou para mim. A partir do primeiro livro da serie que li eu começei a me aventurar no mundo da leitura, mundo este, que eu nunca pensei que faria parte.

Confesso que há muito não lia um livro. Até que chega este avassalador sucesso e, com certeza absoluta, um futuro campeão de critica e me abre, de novo, o mundo da leitura. Depois de lê-lo a vontade de ler mais se apoderou de mim e eu, simples mortal, não resisti e começei a ler um livro que, até o próximo post, será mistério para você, leitor.

Voltando ao bruxo e suas confusões, ao terminar de ler o livro fiquei uns bons minutos pensando. Pensando em tudo que se passará até aquele exato momento. Uma manhã de feriado. Lembrei de tudo que havia passado desde que peguei o primeiro livro. Lembrei de minhas horas deliciando-me com meu novo amigo, ainda que essa frase soe altista, acredite, ela não é, nem de longe, uma frase altista. Harry foi um amigo, um companheiro de jornada. Com ele eu amadureci, vi que a cada ano que se passava ele ficava mais sério, maduro, assim como eu. A cada aventura dele eu me contorcia, seja na minha cama, ou em um sofá, eu torcia para qu e tudo desse certo. Quando eles estavam em uma enrascada que, aparentemente, não se podia sair, tinha a vontade de estar lá e conjurar um feitiço que ajudaria todos a sairem de lá, eu tive a honra de viver na época em que estes livros foram lançados, na época em que o sucesso das publicações estavam no seu auge, ou seja, eu vivi Harry Potter.

Despeço-me deste post com um quê de nostalgia. Com a vontade de quero mais. Desejando que Harry Potter fosse um ciclo, por que ciclos nunca acabam, por mais que a serie seja imortal, as histórias sobre suas proezas serão as mesmas. A serie acabou. Não haverá rebuliços para descobrir qual será o nome do próximo livro, nem filas para comprar um ingresso do cinema quando o filme só estréia daqui a uma semana, não teremos o prazer de ir a uma livraria e falar: “Você tem o livro novo do Harry Potter?”